domingo, 7 de dezembro de 2014

E minha tristeza se fez mar
Se antes era lago, que se agitava na ventania
Que eu sabia até onde ia
Agora corro risco de me afogar.
Pois minha tristeza virou mar
E eu não sei navegar.
Começou marola, que molhas os pés e te faz vivo
Virou onda que leva e trás o que tava perdido e escondido
Ganhou força e correnteza
Estava a me puxar e boiando eu fui sem nem pensar
Minha tristeza é esse mar, que não tem pé nem cabelo pra agarrar.
Sinto seu gosto antes de dormir e ao acordar
Como é salgado e solitário esse meu mar.
Agora é tsunami, que começou mansa e foi recuando
Até me devorar e esmagar no fundo
Que de tão denso não vejo o sol, não tem ar.
Como é vasto e frio esse meu mar.
E minha tristeza me afogou.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Você vem e me preenche.
Estava completa antes, mas encontrei mais uma vez o meu lugar.
Em cada parte do meu corpo, sinto você. Minh'alma, machucada de outros tempos, transborda de uma sensação de felicidade, de paz; escapa dos meus olhos, escorre, derrama-se em sua pele em lágrimas brilhantes e felizes que parecem tão confortáveis em seus dedos quanto eu em seus braços.
Dentro de mim, ao meu redor: apenas você. Você que me encontra repetidas vezes, que se afasta para me atingir de novo e de novo, em ondas. Você que me parece mar, tão imenso em mim. Então me perco. Deixo que me puxe, me leve aonde quiser. Abro os olhos e vou contigo sem medo. Não me afogo, flutuo.
E, outra vez, você vem e me preenche.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Aconteceu. Quando eu menos esperava, aquela sensação na barriga revirando quando a gente salta um ou dois degraus sem reparar. A mesma sensação que dá quando a gente acha que se apaixonou sem querer. E cá estou eu, por um instante ínfimo, me permitindo toda a doçura de não saber: nem o que vai acontecer, nem o que quero que aconteça.
Sei - muito bem - que quando isso meus pés encontrarem o próximo degrau, nada disso vai mais importar. Mas até lá, tenho meus cinco segundo em que não sei se estou caindo ou flutuando. E posso imaginar nós dois numa cena construída com tons amarelos e esquecendo que não vai acontecer.
Eu te vi ir embora como uma cobra troca a pele. Devagar, aos pouquinhos, se afastando de mim e me deixando com nada além de vazio.
Eu te vi ser tão mais feliz sem mim, tão mais tranquilo. E uma parte de mim; pequena, suja e egoísta; se ressentiu por ser deixada tão facilmente, ser descartada de modo tão simples.
Eu vi, meu bem, o seu receio de falar comigo e descobrir como eu me sentia, vi sua pena de mim, vi sua vontade de se afastar e ter o que você sempre quis: seu espaço.
Vi, vezes demais, que a saudade que me rasgava não te incomodava. E você seguia. E você segue.
E eu, perdida, confusa, vi nossas fotos, ouvi nossas músicas, vi cada um dos momentos que eram tão nossos
passarem pela minha cabeça de novo e de novo enquanto tentava dormir e não pensar em tudo o que eu queria poder ver mais uma vez: aquele sorriso que era meu e que agora vai se tornar de outro alguém, aquele olhar que fazia todo o resto do mundo parar, aquela veia no seu pescoço que pulsava quando seu coração acelerava.
Mas, de tudo o que vejo, nada me dói mais que ver que nós dois, que devíamos ser tão felizes ainda, não somos mais nada. E os planos interrompidos, os encontros cancelados, tudo o que eu queria te dizer e deixei pra um depois que nunca vai chegar são apenas coisas que guardei embaixo da cama junto com os presentes e cada pedaço da minha vida que foi nossa: bem escondido, porque sei que não posso mais ver você em cada cantinho dos meus dias, porque você não está aqui. E nunca mais vai estar.