sábado, 14 de julho de 2012

Espírito Idoso

Tenho o espírito idoso. Dezenove anos e às vezes me sinto uma senhora. Meu tempo pode ter sido curto, mas minha vida tem sido tão cheia de altos e baixos e baixíssimos que é difícil lembrar que nem adulta sou ainda. Mas eu não sou.
Estou no meu caminho. Aos tropeços; com quedas repentinas; esbarrando em quinas de mesas, portas fechadas e pessoas que cruzam meu caminho; mas no caminho. E é pela mulher em que estou me transformando que preciso me lembrar de que, afinal, são apenas dezenove anos.
Não posso assumir culpas e responsabilidades que nunca poderiam ser minhas. Não posso sentir medo toda vez que um sentimento bom me aparece, porque eu - como qualquer ser humano - mereço conseguir as coisas pelas quais lutei.
Não quero parecer autora de auto-ajuda, nem pretendo dizer o que tantos livros dizem à tantas pessoas em busca da felicidade. Mas muitos dos meus problemas poderiam ser resolvidos se eu me esforçasse para me lembrar de que posso mudar.
E eu tento mudar. Tento escapar da espiral de tristeza em que me joguei há tantos anos. E tenho conseguido. Porém, mais vezes do que gostaria de admitir, ainda me encontro deitada apontando cada erro meu, cada mínima falha que existe em mim. E me esqueço de enumerar tudo o que fiz para consertar o que não era certo.
Acontece que me preocupo demais e penso demais sobre a tristeza. E talvez a tristeza nem exista. Existe a infelicidade, e, com ela, é muito mais fácil lidar. Porque a felicidade está contida nela; está presente até mesmo na em seu nome palavra. Talvez Augusto Curry tenha escrito exatamente o mesmo. E talvez seja verdade.
Na próxima crise, pensarei sobre isso. E depois vou escrever um livro de auto-ajuda e enriquecer. Ou, mais provavelmente, vou aproveitar meu espírito idoso e queimar meu livro numa lareira enquanto faço tricô e penso sobre como os jovens deveriam se preocupar menos. Pois é inegável, nós realmente deveríamos.

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