sexta-feira, 29 de maio de 2009

À nossa infância compartilhada não-existente. Amém.

Estava imaginando como seriam as coisas se eu tivesse te conhecido com quatro anos. Estava pensando se a gente se daria bem hoje em dia, se você ainda me entenderia. E pensei que provavelmente não - afinal, pessoas mudam em doze anos -, mas a imaginação é minha, então eu decido como as coisas seriam.
Estava imaginando nossas possíveis brincadeiras, e os carrinhos/bonequinhos/dinossauros/brinquedos-de-meninos que eu acidentalmente esquecesse de te devolver. E imaginei nas vezes que eu faria você brincar de boneca comigo. Pensei: seria muita maldade? Será que ainda assim você gostaria de mim hoje em dia?
Então imaginei que dividiria com você todos os pedaços assustadores de sonhos, todos os sorrisos em horas erradas, todas as palavras de madrugada. Compartilharia com você todos os desejos impossíveis e as certezas absurdas que crianças têm (e que ainda tenho!). Assistiria Super Choque contigo. Falaria pra você de unicórnios, de fadas, de mitologia grega. Falaria do meu medo irracional do Minotauro e você estaria por perto quando esse medo se tornasse um medo por aranhas. Você me ajudaria nos meus piores momentos e me ajudaria a superar todas as minhas crises. Você me ouviria chorar. Você me ouviria rir, e me ouviria quando eu quisesse falar sobre nada.
Em todo o tempo que passei imaginando uma infância, esqueci de pensar sobre o presente. Não se apoquente! Penso agora. Sendo assim, concluo que não foi preciso te conhecer com quatro anos pra você se tornar importante. Mesmo que você não tenha estado comigo em todos os momentos da minha vida, você esteve presente desde que a gente se conheceu, você não fugiu quando eu achei que o meu mundo iria acabar. E é exatamente nesse mundo que você é necessário. E eu sei que eu te magoei, mas você me perdoa?
Talvez não sejamos crianças mais, mas espero que ainda possamos ser amigos como elas -sem medos, sem ressentimentos, sem segundas intenções.

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