quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Revanche

Eu vou queimar a casa em que você mora. Vou roubar sua coleção de discos. Vou arranhar as portas do seu carro.
Vou pegar cada livro seu e deixar dentro uma foto nossa para você se lembrar de como era comigo. Vou rasgar cada foto sua com ela. Vou deixar minhas roupas dentro do seu armário e te fazer se lembrar de mim todas as manhãs.
Meu bem, ambos sabemos que estou mentindo. Fui para não voltar. Arranquei de mim todo o vestígio de sentimento que cultivei por você. Mas ainda assim eu vou me transformar no seu pior pesadelo. Vou ser o fantasma do qual você não consegue se livrar. Você sabe, nunca vai se libertar da minha presença.
Seu livro preferido, a música que você costuma cantarolar enquanto toma seu banho, os restaurantes que você frequenta, sua camiseta mais bonita: nada mais são do que lembretes de que eu existo. E você vai conviver diariamente com a lembrança do que me fez. Da tristeza que causou.
O peso que carreguei não é nem metade do que você vai carregar de culpa. Eu não preciso - nem quero - me vingar. O preço que você vai pagar já é alto demais.
Estou saindo limpa do nosso caso. Você não. Nada vai apagar esse fato.
Antigo amor, tente largar essa culpa. Eu te perdoei (mesmo que eu saiba que, no fundo, você nunca vai se perdoar). Vai procurar um jeito de ser feliz e me deixa seguir com minha vida, mereço ser mais do que um fantasma. Eu não quero essa vingança.

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