segunda-feira, 9 de abril de 2012

Autorretrato

Sempre pequei pelo exagero. As sensações transbordam em mim, tudo que faço é com total entrega. Prefiro me manter quase que verborrágica a tentar me fechar para o mundo.
A visão que tenho dele também beira ao exagero : para mim, ele é grande - tão absurdamente grande! - e não importa se sou o centro ou uma simples coadjuvante, tudo parece tão extenso e o único limite entre minha individualidade e a energia que flui livre ao meu redor é aquilo que escrevo.
Nem mesmo posso explicar o porquê de escrever: em parte, para provar que realmente existi em algum momento. Em parte, pela necessidade de arrancar as idéias de cima de mim, elas me sufocam, me desesperam, me inundam. Na maior parte do tempo, pelo prazer da palavra escrita, prazer esse sempre tão doce, tão profundo.
Quero o prazer em tudo, como bom espécime exagerado da raça humana que sou. Procuro beleza: em mim, nos outros, nas coisas, nas tentativas frustradas.
Necessito. Sempre necessito. Tenho fome de conhecimento, de cultura, de amor, de dor. Sinto vontade de me encontrar e então me perder.
E por falar em perder, cá estou eu, perdida nesse mar tantas vezes navegado, em minha mente.
E as palavras fluem livres. Ou seria a energia do mundo? Ou seriam minhas idéias? Ou seria eu?
Procuro a instabilidade e as dúvidas. Porque não quero o conforto. Quero a poesia. Quero o desespero. Quero a felicidade sublime. Quero a liberdade.
E que venham a prolixidade e o exagero. Estou de portas e braços e mente abertos para eles, para mim, para o Todo e para as partes. Ah, o Exagero!

4 comentários:

  1. Esse também é meu atual preferido. Gostei muito, muito mesmo! Acho que o que há de matéria mais rica para a escrita é o próprio ato de escrever.

    "E as palavras fluem livres. Ou seria a energia do mundo? Ou seriam minhas idéias? Ou seria eu?
    Procuro a instabilidade e as dúvidas. Porque não quero o conforto. Quero a poesia. Quero o desespero. Quero a felicidade sublime."

    Sublimes são suas palavras.

    Com carinho,

    Zéfiro.

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    1. Você não faz idéia do quão feliz fiquei com o seu comentário! Nem o quanto achei bom saber que você gostou desse texto.
      O ato de escrever é, por si só, poético.

      Muito, muito, muito obrigada!

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  2. Não existem palavras para definir o quanto amei, me identifiquei com deu texto moça. Você se superou mais uma vez e demonstrou todo seu talento. Esse também é meu novo favorito.

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  3. Li primeiro os comentários antes de ler seu autorretrato e confeço que não acreditaria que fosse assim tão profundo e tão lindo, eu realmente não imaginava! Nossa é tão... tão... não sei, único! Parabéns Carol, não tenho como descrever o que senti ao ler, mas sei que foi bom.

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