sexta-feira, 6 de abril de 2012

Sobre o mesmo par de olhos verdes

Seus olhos verdes ainda parecem tão bonitos quanto pareciam àquela menina que outrora fui. Vê-los tão inesperadamente fez meu coração se agitar muito mais do que imaginei que aconteceria. Não que eles tenham dado qualquer sinal de reconhecimento.
Em todos os três segundos e meio em que olhei para eles, as memórias surgiram. A lembrança do ritmo dos nossos corações que batiam em sincronia, da textura dos seus cabelos, do calor dos seus abraços, do formato das suas mãos. A lembrança da sensação de amar tão intensamente. Tudo de volta em um espaço de tempo tão pequeno.
Você me conhece bem para adivinhar que meus pés pararam de obedecer à minha cabeça - que permanecia virada para tentar te ver melhor - e tropeçaram em coisas inimagináveis. Também me conhece o suficiente para concluir que eu escreveria sobre nosso (rápido) encontro; sei que teria previsto o texto e meus sentimentos conturbados caso seus olhos me reconhecessem. Sei que entenderia o quanto senti sua falta.
Acho que eu devia simplesmente aceitar que, não importa quão magnífico ele pareça, seu olhar nunca vai cruzar com o meu e desejar repetir nossos erros. Porque eu sei - eu sempre soube - que nós dois éramos apenas erros. E, como você, eu não quero voltar. O que nós tivemos acabou, nossos sentimentos acabaram de forma quase indolor. Mas são seus olhos que me fizeram esquecer que não te amo mais e que provavelmente nunca mais seria capaz de fazê-lo. Meu mal, sempre foram seus olhos que me enganaram.

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