segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Festa

Despi minha alma enquanto observava a lua subir no céu. Não que ela estivesse cheia e romântica, era uma lua minguante. Luas minguantes não servem nem pela poesia.
A lua minguante e eu crescente. Sem poesia. Mas ela subia no céu, amarela. E eu despia minha alma. E expunha meus segredos para um ilustre desconhecido. E via poesia no couro da jaqueta dele contra minha pele cada vez mais fria.
Então a noite foi passando. Falamos das nossas infâncias, dos nossos futuros. Falamos de rock e jaquetas de couro. De meus saltos altos vermelhos. Dançamos porque a noite chamava nossos nomes e a músicas pulsava agitada em nossas veias. A lua continuava subindo. O lago começara a brilhar refletindo o céu.
De repente tudo parecia pequeno. E o ar da noite era a única coisa que importava. E a madrugada ia ficando cada vez mais escura, enquanto a lua ia atingindo o pico. Eu esperava ansiosa pelo ápice daquela noite irreal.
Quando a lua atingiu o ponto máximo no céu, ele me beijou. Me parecia a única coisa racional a ser feita: celebrar a lua de toda e qualquer maneira irracional que eu pudesse imaginar.
Quando cheguei em casa, não pude me esquecer do cheiro da sua pele. Ou de como ele me conduzia na pista de dança. Ou de como os olhos dele pareceram bonitos antes de eu fechar os meus.
Não me esqueci principalmente de como despi minha alma. Nem da lua. Ainda não esqueço.
Deus! Eu devia ter bebido menos.
Mas, pelos deuses, como estava linda a lua!

4 comentários:

  1. Awn, Catol, achei muito fofinho. Principalmente isso da jaqueta ser poesia, haha

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  2. Falar da Lua, do Sol e das estrelas, do frio da madrugada e da poesia em uma jaqueta de couro. A Lua é a Grande Deusa dos poetas. Evoé! Lua Minguante é um sorriso invertido - mas continua sendo um sorriso. (: Adorei o texto.

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  3. Lindo demais Carol! Amei!
    Bjs,
    Julia

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