quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Trilhas

Traço meu caminho usando linhas tortas. Faço minhas curvas com pequenas retas; sempre decisões tão certas no início, sempre experiências tão curtas.
Ando descalça - metáfora para "vivo correndo risco de me machucar". E como me machuco! Mas meus cortes ardem de formas doces e me nego a piedade.
Deixo o vento bater. Deixo a onda bater. Deixo a vida me bater. Deixo-me sentir o que puder sentir.
Vejo o sol pintando as árvores ao se pôr, vejo as sombras alongadas no chão. Não vejo meu lugar ("amor, me diga que o achei, e é contigo").
Então a angústia vem, as lembranças se vão, e não me perco. Sei bem quem sou e quem me dói. E as lágrimas escorrem enquanto torço para que formem um rio.
O vento me encontra outra vez. Por vezes, sopra suave. Por outras, sussurra meu nome. São nestas vezes que sei que vou ficar bem. Porque não sei meu lugar, mas o Vento promete me levar até ele. Fecho os olhos e deixo o Vento me bater. Me levar. Tanto faz. Ele ainda não me mostrou qual é este tal lugar. Mas continua prometendo. Eu continuo acreditando.
Talvez eu nem queira encontrar. Só quero as promessas do Vento, seu sopro, seus sussurros. Só quero as chances que a vida dá. Talvez eu já tenha achado, talvez eu pertença à procura. Não como uma eterna insatisfeita amarga. A procura é doce por si só, a amargura não cabe. Talvez pertença à ela por gostar dessa doçura. Principalmente por gostar de pequenos encontros. E encontros só são possíveis quando você se movimenta.
Então traço um novo caminho, novas curvas. Com pequenas retas. Vou descalça. Nenhum amor disse que achei meu lugar, mas o Vento continua prometendo.

2 comentários:

  1. aninha que lindo!!! (: muito bom serio!! como sempre recheado de metáforas lindíssimas (alias, nao estou fazendo isso pelo chocolate haha ^^)

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  2. Provavelmente o seu melhor texto, Carol. Estou completamente extasiado com isso, haha. Muitíssimo lindo, menina.

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