sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Minguante

Faço me escassa para poder me reencontrar. Me definia pelo que havia a minha volta, uma imagem reflexiva. Mimetizava, me camuflava ao meu ambiente. Agora, meu eu-camaleão se foi, perdeu as cores, a mutação. Virei-me apenas eu. Sem tirar, por, repor. Um poço de filmes, músicas e palavras embaralhadas. Mas parece que nada mudou, ainda sinto as mesmas coisas, tenho as mesmas dúvidas, sonho o mesmo sonho quando não estou a sofrer de insonia. Uma xícara, duas xícaras de café, um copo de chá gelado. Estou sem fome, obrigada. Estudo desmotivada, abandonada. Vejo filmes compulsivamente, e ouço listas infinitas de músicas que pararam de fazer sentido meses atrás. Perdi a conexão com o mundo, deixei de fazer parte, de compor. Quero poder querer sem medo, desilusões. Alimentavam-me de falsas promessas, abraços vazios. Deram me tanta imensidão,tanto espaço que fiquei oca, me camuflei tanto que tornei-me invisível a olho nu. Torno-me agora, de maneira consciente, plano de fundo e personagem secundário. Hei de crescer sozinha, sem herois ou anti-herois para me auxiliar. Galgarei minha vida sem nada esperar.

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